Por quanto tempo guardamos em nossas memórias as imagens e momentos vividos? Um ano, dois, décadas, toda vida? Essa era a preocupação que Salvador Dali tinha quando estava compondo a obra “A Persistência da Memória”. Relógios “murchando”, perdendo a forma, a forma mais estática e perene que é a constância do tempo, o tempo que nunca para, que torna todas as pessoas iguais, pois nascemos, vivemos e morremos através do tempo, a única diferença entre as pessoas é o legado deixado no tempo vivido. O desmantelamento do tempo proposto por Dali nessa obra é bastante evidente, é como se o tempo estivesse escorrendo de forma liquida, mas não só o tempo, mas também o que fazemos com as nossas vidas, a liquides das relações interpessoais, entre outros fatores.
Sabemos que o tempo não para, que nossa memória falha muitas vezes, que na preocupação e no stress do cotidiano torna o tempo solúvel, mas concordo com Gala Dali, a obra “A Persistência da Memória” uma vez vista jamais é esquecida, é a forma de congelar o tempo contemplando o surrealismo de Dali.
Analisar uma obra surrealista é um ato de reflexão da vida, como não viajar em uma obra tão simples, mas com um fator determinante para a reflexão que é o tempo, o tempo que causa preocupações e cabelos brancos, que conotam experiências vividas. O tempo não é desperdiçado, é apenas mal utilizado, e que muitas vezes passa sem que algum legado seja feito ou concluído. 